Sabe quando
você tem dias tão ruins, que os dias em que as coisas boas aconteceram parecem
ter se anulado? 2012 foi inteiro assim. Tanta e tão pouca coisa aconteceu, que
tudo que era bom, nem sempre eu consegui guardar. Esses dias me peguei
refletindo e tentando lembrar de coisas boas... Tinha até me esquecido que
consegui ir ao show de uma das minhas bandas preferidas, aliás, duas delas.
Como é que a gente esquece uma coisa dessas, por exemplo?
Quem leu os
textos que fiz esse ano, deve entender pelo menos um pouco do que eu passei. De
uma falta de coragem pra levantar da cama, de uma depressão não diagnosticada,
de um amor não correspondido por cerca de oito intermináveis meses, de uma
venda preta nos meus olhos em relação ao meu futuro e principalmente sobre o
meu presente. 2011 terminou e eu pensei “Cansei de um ano ruim, que 2012 seja
melhor” e conseguiu ser pior.
No final de
dezembro fui viajar por 15 dias e desde então não parei. Durante as horas de
estrada pensei muito no que seria da minha vida quando eu voltasse pra realidade. Durante as orações antes das refeições comemorativas, percebi
que cada membro da minha família agradecia de boca cheia pelas coisas que 2012
tinha trazido. E eu fui a única que não abriu a boca pra falar nada. Na minha
cabeça eu só conseguia pensar “Eu vou agradecer o que?”. E a partir daí eu
comecei a perceber o quanto eu estava sendo ingrata, por exemplo, de não
agradecer pelos amigos que tenho, que sem eles eu não teria me reerguido. Ou
pelos meus pais, que apesar de nem sempre me entenderem, estão ao meu lado o
tempo inteiro. Ou até mesmo pela minha paixão aguda, que apesar de tudo sempre
saio com uma carga de aprendizado.
Depois de
longos dias, comecei a perceber que sim, 2012 foi um ano horrível, mas eu
precisava começar a enxergar ele pelas coisas boas também que me aconteceram. E
que eu precisava fazer isso com a minha vida também. Eu descobri que eu preciso
me permitir ser feliz... E eu não estava me esforçando pra isso. Eu me prendi
dentro de uma caixinha escrita “cuidado, frágil”, aonde todo mundo tinha receio
de mexer. E ela ficou ali de canto, largada.
Hoje de
manhã, minha vida voltou ao normal. Depois das festas de final de ano e das
visitas que tive em casa, fui deixar uma das minhas melhores amigas no metrô e
voltei pra casa dirigindo com os vidros abertos, vestida com a roupa que eu
havia dormido, sem maquiagem alguma, e ouvindo a faixa 03 de umas músicas ainda
não lançadas de uma banda. Aquele cara, cantou pra mim dizendo que tudo que
vai, volta mais cedo ou mais tarde sem erro. E nessa hora eu percebi, que pode
demorar, mas que um dia eu volto a ser feliz como era a dois anos atrás antes
dessa onda de coisas ruins aparecerem. Só depende de mim mudar. Afinal, minha
vida não vai sair do meu quarto sozinha e se resolver sem que eu me impulsione
pra levantar da cama.
Uns meses
atrás ouvi de uma pessoa muito amiga e próxima que todo esse redemoinho de
sentimentos e coisas ruins só estava acontecendo porque eu não me permitia. Na
hora a gente estava conversando sobre relacionamentos, mas percebi que isso
vale pra vida também... Como a cara fechada que eu tenho, ou não de dar a mínima
pra qualquer cara que queira conversar comigo na balada, por exemplo. Essa
semana eu coloquei minha mini-saia, fui pra uma balada sertaneja e pensei “Hoje
eu vou me permitir”. Conheci um cara super bacana que veio trocar idéia comigo,
e de imediato eu não fui grossa (porque eu sempre sou, eu nunca quero saber de
ninguém e de conversar com ninguém), e então, eu não fiz nada além de sorrir
e conversar com ele. A gente ficou. E quer saber? Foi muito bom. Eu me permiti!
Eu me permiti! Depois de um ano inteiro (arrisco em contar pra vocês), o qual eu
beijei apenas dois caras, eu me permiti conhecer pessoas novas e tentar não
pensar o quanto eu estava presa naquela caixa. E essa questão não envolve só relacionamentos, e sim tudo o que minha vida está cercada.
Agora pouco
eu estava lendo um texto sobre a personagem Brooke Davis, de One Tree Hill (um
seriado que vi esse ano e me ensinou muita coisa)... E eu lembrei que a Brooke
era uma personagem forte, pelo menos todos achavam que ela era, quando na
verdade ela era absurdamente frágil, e a ponto de desabar a qualquer momento.
Em uma certa fase da sua vida (o seriado percorre por cerca de 10/15 anos), ela
simplesmente para de se permitir. Ela não quer sair, não quer conhecer ninguém,
não quer amar ninguém, porque ela sofreu tanto que estava cansada de se magoar
cada vez mais. Depois que ela enxerga o que estava fazendo e toma coragem, ela
conhece o amor da vida dela, recupera seu trabalho que perdeu (que era a coisa
que ela mais amava na vida), e acontecem coisas maravilhosas até mesmo impossíveis,
obra de Deus mesmo (não vou contar os detalhes pra evitar spoilers). Mas
enfim, percebi que a Brooke é nada mais do que eu. Com nossas diferenças claro,
já que ela era uma líder de torcida e eu uma pseudo-roqueira-de-meia-tigela na
época de escola, por exemplo.
Fato é que,
apesar dessa reflexão ser uma retrospectiva de 2012, é muito mais do que
isso. É um aprendizado, é uma aula de coisas que eu levei um ano inteiro pra
enxergar e acabei fazendo isso em vinte dias. Deixo aqui minha marca e minhas
palavras: eu estou me permitindo. Que eu possa sorrir mais, trabalhar mais,
amar mais. A música “Story of a man” do Tiago Iorc cabe muito nisso... Passe
mais tempo vivendo, amando, respeitando, ouvindo, fluindo.
Não sei porque mas depois que eu li o seu texto, senti uma vontade de comentá-lo, e cá estou eu. Bruna, confesso que em vários momentos me identifiquei com o que você escreveu. Um deles foi o de "se permitir". Por mais que pareça bobagem pra alguns, isso realmente faz todo sentido. Enfim, é isso. E parabéns pelo texto, Bruna. E pode ter certeza que 2013 vai ser um ano maravilhoso pra você. As vezes pra algumas coisas acontecerem, dependem apenas de uma atitude sua. Só basta você se permitir. Beijos.
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