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sábado, 2 de junho de 2012

Aprendendo a se amar.

Andei sumida porque muita coisa passou na minha cabeça nesse tempo todo desde o meu último post. E não que as coisas tenham mudado da água pro vinho, longe disso... Mas contraditório ao texto anterior, hoje eu vou falar sobre superação. Superação de uma forma diferente... Hoje eu quero contar pra vocês como superei meus problemas com aparência.
Sim, eu sei que você devem estar pensando 'como assim sobre aparência, Bruna? Você é isso, assim, e assado'. E digo isso porque esses dias escrevi o textinho abaixo no meu twitter, e foram esses tipos de respostas 'assustadas' que recebi.
"Antigamente eu me preocupava muito mais com beleza externa e essas coisas todas relacionadas. Depois de muitos anos sofrendo, ouvindo coisas, ficando mal dias e dias por comentários maldosos, eu aprendi a me aceitar e gostar de mim do jeito que eu sou. Sei que não sou a mulher mais bonita do mundo, e estou longe disso… Mas aprendi a gostar de mim e dos meus defeitos… Vez ou outra a gente ouve comentário como ‘nossa, que gorda’, ‘nossa, que bunda enorme’, ‘nossa, que nariz horrível’. De inicio eu fico magoada, afinal, ninguém gosta quando te humilham por algo que você não pode mudar… Mas ninguém é perfeito… Acho que todo mundo deveria se aceitar do jeito que é, sem medo. Confiança é tudo na vida, e amor próprio também."
Agora vou explicar pra vocês tudo isso...
Sempre fui uma criança linda. Loirinha, cabelinho de anjo, olhos azuis, pele branquinha. Ok. Pula essa parte.
Quando comecei a crescer, ir pra escola e começar a entender de fato o que significava ser bonita, ou qualquer coisa do tipo, comecei a ver o quanto eu não me encaixava junto as meninas do meu 'grupinho de amigas'. Estudei minha vida toda em colégio particular, e minha guerra com a aparência começou logo ali na segunda, terceira série.
Eu estudava em um dos colégios mais caros do ABC, e não, eu não sou rica. Mas estudava nessa escola desde que ela foi fundada, então eu tinha uma bolsa de estudos bem bacana, mas as minha 'coleguinhas' não. Eram todas ricas, filhas únicas e perfeitas. "Perfeitas". Pelo menos os meninos achavam isso.
Me lembro do meu primeiro problema na escola em relação a aparência... Foi na primeira série, quando o menino que eu gostava (sempre eles, né?) me chamava de 'Gasparzinho' e coisas do gênero. Nessa época meu cabelo ainda era normal e não era o maior dos problemas (mais pra frente eu explico), então eu ficava bem tristinha quando ele me zoada, óbvio. Eu era realmente a menina mais branca da sala, da escola talvez. Acho que ainda sou, mas isso eu aprendi a superar (ou não).
Meu problema maior na vida sempre foi meu cabelo. Eu sei, vocês podem estar chocadas, mas meu cabelo é ruim, é péssimo e eu não estou fazendo doce, ele realmente é! Acho que por uns 8 anos ou mais eu só usei ele preso, todo preso, com um rabo de cavalo bem baixo. O aspecto dele era uma espécie de esponja de aço, sim... Era um dos meus apelidos também "bom-brill'. Eu tinha pavor do meu cabelo, eu odiava ele mais do que tudo na vida, e isso só contribuía pra ele ficar pior porque eu não tinha vontade de cuidar, e não cuidava.
Eu só soltava o cabelo pra lavar (quando lavava), eu saia do chuveiro, mal secava e já prendia de novo. Ele era podre, era horroroso, e as pessoas me odiavam por isso. Naquela época não existia escova progressiva, e nem chapinha! Então a gente tinha que aprender a conviver com o que tinha, e eu odiava o que eu tinha.
Me lembro de umas três vezes sofrer horrores com nó. Eram enormes, minha mãe chegou a acreditar que só raspando daria certo, mas depois de horas (e dias) em cima dele, conseguimos tirar tudo. Vocês devem estar pensando 'nossa, que nojo'. E sim, é nojento, mas não é mais nojento do que os comentários que faziam a ponto de eu não ter vontade de me olhar no espelho.
Meu cabelo foi piorando a aparência ao longo dos anos, e ficou prior na pré-adolescência, que foi a época em que minha pele ficou oleosa, as espinhas e cravos apareceram. Meus dentes de leite já tinham caído todos, os outros tinham nascido tortos e eu descobri que tinha miopia. Tá ai: a feia perfeita.
Cabelo ruim, dentes tortos, pele feia e óculos. Precisa de mais alguma explicação de porque eu sofria tanto bullying?
Aos 13 anos coloquei aparelho pra piorar as coisas (eu postaria fotos se não tivesse vergonha, pra provar que não estou mentindo). E pra piorar, eu me vestia muito mal... Aos 13 anos, Avril Lavigne (com 17) tinha lançado seu primeiro single "Complicated", amor a primeira vista: eu queria ser ela. Mas eu não sabia fazer isso, óbvio. Piorei a situação me vestindo que nem ela (que sabia ser feminina), e fiquei parecendo um menino. Preciso falar mais alguma coisa?
Nessa época, todas as minhas amigas estavam perdendo o 'b.v.', e eu sobrando... Achei um louco que quis me beijar (uns quatro anos depois descobri que ele tinha ficado comigo por dó). Nem tudo estava perdido, ou tava.
Tudo conspirava pra que eu nunca tivesse auto-confiança e amor-próprio. Parecia que eu sempre ia ser o patinho feio da turma...
É claro que eu chorava em casa, e é claro que eu não tinha vontade de ir pra escola as vezes por conta disso. Pra piorar as coisas, minha melhor amiga nessa época era modelo, era o contraste mais grotesco da escola. Lembro que na 8ª série, uns meninos da 7ª que gostavam dela, ficavam falando que um amigo deles gostava de mim (eu acreditei)... Só alguns anos depois me toquei que eles estavam zoando o menino, e empurrando a menina mais feia pra ele. Ingenua.
O colegial dessa escola era em outra unidade, lá era tudo novo, e seriamos então os novatos da escola. Eu precisava fazer alguma coisa pra não ser tão zoada assim. Nessa época, decidi fazer uma franja (eu tentativa de uma) e parar de usar o cabelo repartido no meio e amarrado (que ficava todo arrepiado na frente por conta dos frios crespos), a galera falava que eu parecia um sol. Comecei a descobrir o 'lápis de olho' também, que eu passava grotescamente embaixo e só. Parecia que a fase ruim nunca ia passar, e que eu ia ser feia pro resto da vida. Pelo menos eu era magrinha (bem magrinha), usava manequim 36.
Nessa época as pessoas ainda não sabiam o que 'emocore' significava, mas eu sabia. Deixei de me inspirar (tanto) na Avril, e comecei a usar coisas quadriculadas, de bolinhas, e arrisquei cortar a franja mais curtinha (que sem progressiva, ficava toda torta). Uns meses depois, o emo caiu na imprensa, e todo mundo sabia o que era aquilo. Ou achavam que sabiam. Pronto! Além de feia, eu era emo. E por mais que eu começasse a parar de usar aqueles apetrechos todos, eu já estava rotulada mesmo...
Nessa época comecei a me entender mais com o meu cabelo. A progressiva foi inventada e era horrores de caro, então a gente fazia em salões mais baratinhos, aonde o resultado era menor, mas já dava uma diferença e tanto.
No segundo colegial arrisquei e pintei. Fiquei mais loira, e com o cabelo mais liso (parecia sonho). O cabelo não era mais um problema tão sério pra mim, mas as pessoas tinham que mudar o foco pra outro defeito.
Apesar de nessa época já ter conquistado mais respeito das pessoas, isso não significava que eu me amava 100%. E acho que até hoje eu tenho sequelas disso... A gente acaba ficando com medo de acreditar em nós mesmos. Entendem o que eu digo?
As pessoas não zoavam muito meu nariz essa época (problema esse que atualmente é meu maior, literalmente). Mas comecei a tentar superar isso me auto-zoando, como uma espécie de 'levar numa boa' esse defeito... Só que não deu muito certo. Meus amigos (amigos mesmos, desses que mantenho contato até hoje) começaram a entrar na onda demais, e me zoavam de cinco em cinco minutos por isso. As vezes na maldade, as vezes não. Era tarde demais: eu tinha plantado em mim um novo trauma.
Parece que esse pesadelo de aparência não ter fim, eu nunca ia ser perfeita aos meus olhos....
Depois de toda essa onda ruim e fases péssimas na escola, eu me formei. Ia começar uma nova vida com a vinda da faculdade. Eu já sabia me cuidar melhor, meu cabelo estava mais liso, eu aprendi a usar pó-compacto e rímel.
Vou resumir os últimos anos assim: comecei a ver que eu tinha solução. Cheguei a fazer loucuras como passar o cabelo de loiro platinado pra vermelho, e me arrepender seis meses depois. Comecei a ver que sombra preta todo dia na faculdade era demais, e que depois de adulto a gente engorda com mais facilidade.
Vocês que me conhecem de 2009 pra cá devem saber que na estrada eu me alimentava mal, e cheguei a beirar os 65kg. Eu, com 1,58 de altura estava parecendo um bolinho de arroz, horrível e inchada.
Depois de muito revirar minha estética eu estabilizei: Perdi 7/8kg, deixei meu cabelo crescer e descobri que tonalizar ele pra um tom mais acinzentado as vezes faz bem. Aprendi a me maquiar que nem gente, aprendi a hidratar meu cabelo em casa, e aos poucos estou me amando mais.
Sequelas sempre sobram e as pessoas depois não entendem por eu não uso shorts sem meia fina ("Gasparzinho"), ou porque eu não uso biquíni (engordar e emagrecer toraram minha pele mais flácida, com estrias e celulites - aquelas que os homens dizem que não sabe a diferença), ou porque eu não saio de casa sem maquiagem nunca na vida, ou odeio usar o cabelo preso, fotos de perfil, anos postando foto usando photoshop em tudo... São tantas coisas que sobraram, tantas manias que ninguém entende, que só contando a história toda, talvez elas possam ter um pouco mais de compreensão.
Se eu gosto de mim agora? Gosto! Se eu me sinto bem me olhando no espelho? Sim, me sinto.
É claro que vez ou outra eu fico chateada com algumas coisas que leio, escuto... Mas porque o ser-humano é assim. Não conheço ninguém que goste de ouvir outra pessoa falando mal, não é?
Pra ficar perfeito eu tinha que ter um corpo mais definido, com uns três tons 'acima da minha paleta de cores', com um nariz menorzinho. Mas eu não vou fazer plástica, eu não vou virar rato de academia, e nem vou ficar exposta dias e dias no sol pra fica bronzeada. Deus me fez assim, e é assim que eu vou ser.
O que eu quis dizer com tudo isso? Eu quis dizer que quando você aceita quem você é, você começa a se amar mais. Você consegue compreender o que fica bom e o que não fica bom. E que acima de tudo: todo mundo tem defeitos.
Eu tenho amigas lindas, perfeitas, com um rosto de boneca e corpos invejáveis desde meninas... Mas e por dentro? E a cabeça delas como é? E o caráter? É t-o-t-a-l-m-e-n-t-e o oposto de mim. Segurança é sempre bom, mas não tempo todo. Pessoas perfeitas desde sempre nunca tiveram que superar nada, e isso não tem a menor graça. Eu gosto de gente de verdade, gente que sabe quem é e tem uma história pra contar... Uma vida perfeita não tem graça. A gente precisa de essência!
Por isso amigas, amigos... Se amem! Sejam vocês acima de tudo. Aprendam a ver que nem tudo está perdido. E deixem que falem de vocês... Daqui alguns anos, quando você reencontrar essas pessoas, elas com certeza estarão feias por dentro e por fora. E você? Você estará linda! Linda por fora, linda por dentro e provando (mesmo sem precisar) de que era capaz.



7 comentários:

  1. ei bruna, você é um exemplo, que devemos nós amar cada dia mais !

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. E você será pra sempre a minha inspiração, SEMPRE. Já passei por tudo isso ai que você contou que passou, tudo. (@thamixrocha)

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  4. Poxa, realmente é um exemplo. Pois eu passei por isso.. Cheguei a depressão pela maioria desses fatos. Hoje em dia tenho aprendido a me amar e me aceitar, e ver como tu superou tudo isso sem duvida alguma é um exemplo para mim! (:

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  5. Maaaaano eu jamais imaginei que vc já passou por tudo isso,sabe eu ja te amava muito pois sabia de algumas dificuldades que vc passou mas agora que sei disso também te amo mais e admiro mais ainda sua força,OBRIGADA por esse post,vc é incrível pq tem muita gente que esconde seu passado pq tem medo de bater de frente mas vc não é assim! To muito feliz em saber que vc deu a volta por cima :)Minha diva, glamorosa e poderosa,HAHAHA <33 (@Bruna_Eterna)

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  6. Eu simplesmente me identifiquei MUITO com tudo isso! Só que tenho problemas bem diferentes, mas acho que com a mesma gravidade de fazer com que eu me sinta mal! E agora, bom... To me amando mais e deixa pra lá o que dizem, mas uma coisa sempre vai ser certa: impossivel não ligar pro que dizem.

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  7. Me surpreendi, essa é praticamente a minha história! Eu me gosto, mas ainda brigo com meu cabelo.. demaiss :( O que você faz pra hidratar e etc? Me dê dicas! hehehe pf :)

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