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terça-feira, 25 de junho de 2013

O dia seguinte.

Ontem acordei brigando com o tempo e com a obrigação de levantar da cama em uma segunda-feira cedo. Pela janela eu ouvia os carros passando e as buzinas impacientes das pessoas que saiam pra trabalhar. O primeiro cheiro que senti foi o do asfalto molhado e do café passado... Era uma segunda-feira cinza.
Vesti qualquer roupa e fui trabalhar ouvindo aquele cd que gravei com nossas músicas românticas favoritas. No caminho eu sorri. Agradeci pela chuva, agradeci pelo frio, agradeci pelo céu encoberto. Agradeci por tudo que eu manos gostava. Agradeci pela obrigação de cobrir minha mãe no serviço toda segunda-feira de manhã, agradeci o monte de roupa pra passar que me esperava, agradeci o frio chato que fazia justo no dia de ir pra academia. É como se tudo que eu não gostasse estivesse ali e eu nem notasse. Agradeci então a tudo isso.
Voltei pra casa pra almoçar e tomei um vento no rosto cortante, minha boca secou e em seguida veio o medo de sentir aquela dor de cabeça que tinha sentido no domingo a noite. Mas agradeci, porque você me deu remédio, me cobriu na sua cama e me esquentou até minha dor passar. Agradeci a dor de cabeça, e principalmente a ter quem cuidar de mim quando ela aparecesse.
Na parte da tarde fiquei com algumas coisas rodeando na minha cabeça. Até tentei transcrever isso em cento e quarenta caracteres, mas tudo o que eu pensei não couberam muito bem ali. Fiquei pensando como é que pode alguém ter deixado você escorregar pelas mãos delas. Como alguém pode te deixar ir embora, ou desperdiçar qualquer momento com você. Qualquer respiração forte que você dá quando pega no sono, qualquer série interminável de beijos que você dá quando deito do seu lado, qualquer mordida dolorida que você dá quando tá sendo carinhoso, qualquer sorriso que você dá quando acorda pela manhã, qualquer gargalhada que você dá quando me vê com cara de brava. Como é que podem ter sido tão inocentes e ter perdido sem perceber, alguém tão... você.
E então em agradeci mais uma vez. Pela inocência, pela falta de perspectiva, pelo desespero, pelo sufoco, pelo destino. Agradeci. Porque sem nada disso, não seria eu quem estaria agradecendo em uma segunda-feira chuvosa de manhã.
Era uma segunda-feira como qualquer outra. Apesar de ter passado as últimas quatro noites dormindo e respirando fundo no seu ouvido, tendo o gostinho de imaginar a gente velhinho. Seria apenas uma segunda-feira se não tivéssemos ingerido cervejas importadas com alto teor alcoólico. Seria apenas uma segunda-feira se não tivéssemos tido coragem de dizer o que estava enroscado feito nó na nossa garganta. Por um momento cheguei a pensar que tudo aquilo seria apenas reflexo das nossas ações... Mas foi no domingo de tarde, parados num farol, sem mais nenhuma gota de álcool percorrendo nossas veias. Foi  naquele momento em que eu ouvi de você aquelas três palavras que tínhamos medo de dizer. Foi no meio de uma situação qualquer que você fez eu me sentir única no mundo. Foi como se eu observasse a gente de cima, sorrindo meio a um beijo e uma troca de palavras tímidas.
Era pra ser uma segunda-feira comum, mas não foi. Era o dia seguinte da certeza que eu tive dentro de mim. Era o dia seguinte dos medos jogados no lixo. Era o dia seguinte de uma enorme demonstração de afeto, carinho, borboletas no estômago e arrisco em dizer nas estrelinhas piscando. Era o dia seguinte do começo das nossas vidas. Era a semana seguinte da certeza que você me deu de que estaríamos juntos por muito tempo. Era pra ser só uma segunda-feira fria de manhã, mas foi o dia mais completo da nossa vida juntos até então.
E então eu agradeci, agradeci por você me amar.

Um comentário:

  1. Uou! Que perfeito, Bruna. Maravilhoso mesmo. Sonho em me sentir assim, e espero agradecer em breve por alguém me amar e aceitar o meu amor.
    Parabéns, Bru. Cada dia mais escrevendo melhor... E to "curiosa" pra saber quem é esse homem que tá te trazendo tanta inspiração, apesar de já desconfiar.

    Beijo Bru, te adoro!

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